quarta-feira, 27 de março de 2013

Tremendo show! E em março!!!!


Viu como reclamar aos quatro cantos funciona?
Há alguns dias, resolvi reclamar publicamente da infâmia de, neste mês de março, todos os mais significativos shows musicais tenham aterrissado em solo gaúcho, impossibilitando a minha pessoa de assistir sequer um deles pela simples razão de terem, todos eles, ingressos a preços que cabem, nesta época do ano, somente no orçamento dos magnatas, ou dos mais organizados que eu, ou dos com menos filhos que eu, ou dos mais sortudos que eu....enfim...fazer o que?

Mas os anjos do compadecimento, da redenção e da benevolência devem ter escutado minhas lamúrias, minhas lamentações, meus chororôs, e resolveram me enviar, através do Jessé, um ingresso para o show dele, o amigo do Rei, o meu amigo Erasmo Carlos!
Ele mesmo, o Tremendão!
Quando?
Em MARÇO! Acredita?! Aos quarenta e cinco do segundo tempo!
E adivinhem onde?
Sim! Lá mesmo!
No Araújo Viana! Com sua cobertura fantástica e suas platéias subdivididas conforme a quantidade de dinheiro que você dispõe!
E o meu lugar?
Na platéia baixa central,viu? Eu disse central!
Sentei ao lado do Fogaça e sua mulher cantora, tá meu bem?

...
Breque:

Caro leitor: Esqueçamos aqui que o show era gratuito, em comemoração aos 241 anos de Porto Alegre...as pessoas iam a alguns postos de retiradas de ingressos e trocavam quilos de alimentos pelas entradas e coisa e tal...Porém isso não torna minha ida ao show menos glamourosa! 

...

Continuando:

Mas como se deu este milagre, Glau?
Ah, foi assim:
No domingo passado, deu-se o seguinte diálogo:
Jessé: Ganhei um ingresso pra ver o show do Erasmo Carlos, na terça, no Araújo Viana!
Glau: Ah...
Jessé: O Fulano me deu...
Glau: Que bom... (que bom pra ti, pensei....)
Jessé: Vou ver se consigo mais um...
Glau: Ahãm (foi que eu disse – mas o que eu pensei foi: Ahãm Cláudia, senta lá!)

E convenhamos, um diálogo onde a mulher só troca monossílabos...não é boa coisa...

Eu também quero ir no shoooooow, namorado!!!!
Em razão do DNA* destas lendas vivas da MPB, não se pode perder show algum deles.
Eu mesma tenho uma lista de vários shows que quero ir antes que certos artistas batam as botas.
*data de nascimento avançada

E eis que meu pop star particular conseguiu o tal ingresso!

Porém, quase que vai tudo por água abaixo!
Quase que a tosca criatura aqui perde esta, acredita?

Jessé me manda um email à tarde dizendo que o meu ingresso tá na mão, mas tenho que chegar lá às 20h30min.
Detalhe importante: Não olhei meus emails à tarde.
Chego em casa e nem ligo o netbook.
Estou sem carro também, porque emprestei pro meu pai...
Quando chego na minha humilde residência, nem sinal de pai, mãe, filha 1 e filha 2...
Um silêncio...
Tão bom o silêncio às vezes...
Lá pelas tantas, resolvo dar uma olhada no Face – recados, mensagens, notificações –  e, por descargo de consciência, dou uma olhadinha no email também.
Olha! Um email do meu amor...vou ver...deve ser pra dizer que me ama ou coisa parecida...vale a pena...

PQP!!!! Que horas são, cara$@#¨#&##(%&*%$$!!!!!!
19h15min!
Ligo pra ele. Combino. Tudo certo!

Mas cadê o carro?
Ligo pro pai, pra mãe, pras filhinhas, pra Dom Chico!
O papa atendeu, eles não...

Não! Nada de pânico!
Dá tempo!
Mas eu me conheço...na pressão, fico correndo atrás do rabo...um inferno!

Então num lampejo de lucidez e organização que não me habitam costumeiramente, fui me aprontando: me maquiei, escolhi e vesti a roupa, arrumei o cabelo e, neste meio tempo, como num milagre recebido pela determinação desta fiel que vos escreve, o carro chegou e me vi rumando para o show, ao encontro do meu amor, com ouvido,  mente e coração abertos para apreciar uma noite de rock vintage com o meu amigo...o meu amigo Eraaaaasmo Carlos!!!!




O show foi um verdadeiro passeio por todas as fases da vida dele, com sucessos como Sentado à Beira do Caminho, Minha Fama de Mau, e Mulher, além de um pout-pourri de Motel, como ele mesmo intitulou, com as músicas em parceria com Roberto Carlos, como Detalhes, Café da Manhã e Como É Grande o Meu Amor Por Você.

E como diz minha vizinha de platéia Isabela Fogaça:
Porto Alegre é demais!


sexta-feira, 8 de março de 2013

Março é show! E como!

Hoje me dei conta que armaram um complô perverso e sem coração contra nós, pessoas que tem certo bom gosto musical, mas que, em detrimento a diversos compromissos financeiros que se estampam logo no início do ano, como férias, carnaval, material escolar, matrículas de colégio, etc..., ficamos, como se diz aqui nos pampas, ‘mal das pernas’ de dinheiro.
Quando soube que Djavan estaria em Porto Alegre, em março, pensei: bom, de repente, comprando uma caixa de lápis de cor a menos e vendo as escolas de samba na TV ao invés de ir ao clube pular carnaval em círculos, possa sobrar algum dindin pra ir ao show cantar Sina e gritar ‘lindo, urrú!...
Ledo engano...ledo engano...ledo engano!
O show, que há alguns anos assisti no Araújo Viana, teatro popular e de resistência, e pelo qual paguei módicos R$ 40 reais, hoje está custando uma fortuna perante os meus dividendos, com faixas que vão dos 90 aos 140 pila, no mesmo Araújo Viana, porém agora com cobertura (de ouro, acho), e dividido em platéia central baixa, platéia central alta, platéia lateral baixa e platéia lateral alta – eu mereço...
O que não se faz pra arrancar dinheiro do povo ávido por algo que tenha mais de três acordes...
Bom, já estava resignada, quase tranqüila, por não poder ir djavanear quando, ao longo da semana ao ler os jornais do meu Rio Grande, deparar-me com o que chamei lá em cima de complô:
Todos os shows que eu gostaria de ir este ano, depois de estar mais ‘folgada das patas’ na minha conta bancária, todos eles serão em março. EM MARÇO!!!! Não um em abril, outros dois em junho, pra se poder escolher entre um e outro...mais um ótimo em agosto...
Não!
Não!
E não!
Todos (alguns) os meus ídolos resolveram vir em março para Porto Alegre!
Todos e muitos! Vários!
Milton Nascimento, Marisa Monte, Elton John, Maria Bethânia, Ney Matogrosso!!!!
Ah, por favor! Eu, hein? Olha, difícil de acreditar!
Alô, produção, é isso mesmo? É essa a agenda de março?
Ou os artistas em questão também estão quebrados em março e tiraram este mês pra repor suas economias, ou eles querem limar das platéias altas e baixas, as classes B, C, D e por aí vai.
Estou musicalmente chocada, triste, deprimida...
Não vou ver Djavan, com este preço é mais fácil aprender japonês em braile...
Não vou ver Milton, seus sons e seus tons geniais...
Não vou ver Marisa Monte, talvez depois, de passar tantos anos...
Não vou ver Maria Bethânia, ta combinado, é quase nada...
Não vou ver Ney Matogrosso, mas também nunca vi rastro de cobra nem couro de lobisomem...
E não vi Elton John...I hope you don’t mind...
Não vou ver nada!
Vou baixar os shows, por no pen drive, fazer uma pipoca e assistir em casa, no camarote da Bohêmia - o único gasto que vou ter...com as cervejas...e depois de algumas delas vou até achar que estou na platéia baixa ou no fosso do teatro...

segunda-feira, 4 de março de 2013

Pecado Capital





Comprar é um vício.
Gastar dinheiro é um vício.
Um vício destes é totalmente cabível e confortável para aquelas pessoas que não tem um orçamento apertado como uma calça de brim Lee, da década de 70.
(Pros leitores mais novos não!, a calça Lee não é uma marca da centenária pop rock star Rita Lee. 
E sim!, brim coringa é igual a jeans, sem strech.)



Mas pros assalariados, classe B (ex-C), é um vício que se instala pra fud...çar a vida e a conta bancária da gente!

E adivinhem: pra minha falta de sorte, eu tenho este vício.
Mas você só tem este vício Glau?
Sim! Só este! E você acha pouco?

Os outros vícios que tenho não são vícios e sim manias adquiridas ao longo do tempo. E quanto mais se vive, manias vamos colecionamos pelo caminho: por o feijão em cima do arroz, dormir com a TV ligada, estender a calcinha lavada na janela do banheiro – herança passada em vida pra Maria Luiza – , sair no portão de casa e voltar porque esqueceu alguma coisa, tomar cerveja – é...talvez seja um vício...mas infinitamente menor do que gastar o que se tem e o que não se tem.



A questão é a seguinte: gastar é um vício maldito e indigno, que se instala em nosso ser num momento em que estamos totalmente distraídos e quando vemos estamos tomados pelo caboclo gastador.

Ele baixa no cavalo sem pedir licença, quando menos esperamos e justamente quando estamos perto de algo que não cabe no nosso bolso. E cega e alheia à realidade, a pessoa gasta os vinténs que tem (à vista) e que não tem (à prazo), sendo este o pior dos gastos, pois a criatura fica endividada por um período longo e doloroso...

Mas não doloroso o bastante para deixar o vício de lado.

E as coisas que compramos realmente são necessárias?
Posso dizer, como conhecedora de causa, que, na maioria das vezes, não.
‘Curar’ este vício não é difícil, mas também não é fácil...
Tem alguns truques e macetes que podem e devem! Ser feitos por um viciado em gastos. Eis alguns deles:
1º passo: Ir ao supermercado/farmácia/shopping/armazém/boteco com uma lista enxuta e precisa do que realmente você necessita.
2º passo: Sair com o dinheiro contado...porém, na era do dinheiro de plástico é complicado, mas não custa tentar...

3º passo: Quando deparar-se com algo que faça seus olhos brilharem, suas pernas tremerem e seu bolso derreter, devolva para a prateleira ou vendedora, vá para casa, deite a cabeça no travesseiro e reflita...mas reflita meixxxmo! Pese os prós e os contras, e não deixe sua mente agarrar-se aos prós, que geralmente são sedutores e ilusórios. Ajuda nesta reflexão cantar um mantra indiano forte, rezar uma novena ou tomar um Rivotril.



São muitos os passos e... (isso me lembra sapatos e...não!!!).

Poderia passar o resto do dia elencando outras tantas ações que ajudariam uma viciada a levar uma vida menos ordinária...

Mas me sentiria como a rapariga do filme ‘Delírios de Consumo de Becky Bloom”, onde a personagem Rebecca Bloomwood vira uma consultora de como sair do vermelho eliminando os gastos extras e, na verdade, ela mesma não segue seus próprios conselhos...




Quero dizer que da construção deste texto (no ano passado) até hoje, tenho conseguido me manter até bem comportada.

Porém, tem dias que o tambor daquele caboclo do consumo começa a tocar baixinho, longe...e de repente ele baixa!
E lá se vai por água abaixo listinhas, mantras e reflexões.

To começando a achar que isso não seja propriamente um vício, e sim uma possessão.

Próximo passo: exorcismo...