sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Glau canta Elis

Início de julho começamos a ensaiar.
Pra quem conhece um pouco da vida da Elis Regina, sabe da intensidade e genialismo dela que foi - e ainda é - uma das maiores cantoras de todos os tempos do mundo!
É uma ousadia, diria até um atrevimento, fazer um show com o repertório interpretado por ela.
Mas em certos assuntos sou assim mesmo: atrevida, ousada e outras vezes até um pouco impertinente.

No repertório, inicialmente, tinham umas 200 músicas!
Pra chegar em 20 foi um parto com dor. Mas nasceu...

O velho truque do pout-pourri salva...
Junta essa com aquela, um bloquinho de Milton, outro de samba,mais um de João Bosco, e neste caminho conseguimos deixar um repertório onde as pessoas vão ouvir as mais emblemáticas músicas cantadas pela Elis.

Claro, o fulano vai sair querendo ouvir tal e o sicrano aquela bem boa que diz assim...
Mas, mesmo que Elis descesse à terra hoje, com a permissão do pessoal do céu - ou de onde ela esteja - teria que ficar por aqui uns quinze dias, dia e noite, em cima de um palco pra cantar seu repertório inteiro.

Dia 4 de outubro, semana que vem, estamos lá na feira do Livro, no Teatro do Sesc, eu, Giovani e Catata, entoando as canções de Elis...

AGORA EU SOU UMA ESTRELA

Agora o braço não é mais o braço
erguido num grito de gol.
Agora o braço é uma linha, um traço,
um rastro espelhado e brilhante.
E todas as figuras são assim:
desenhos de luz, agrupamentos de pontos,
de partículas, um quadro de impulsos,
um processamento de sinais.
E assim - dizem - recontam a vida.
Agora retiram de mim a cobertura de carne,
escorrem todo o sangue, afinam os ossos
em fios luminosos e aí estou
pelo salão, pelas casas, pelas cidades,
parecida comigo.
Um rascunho,
uma forma nebulosa feita de luz e sombra
como uma estrela. Agora eu sou uma estrela.

Texto gravado por Elis Regina.




terça-feira, 25 de setembro de 2012

...


Um dia ela acordou e algo diferente passou pela sua cabeça.
Não estava cansada, nem depressiva, muito menos feliz.
Estava estagnada.
Presa numa vida que não fazia sentido pra ela.
Pra onde quer que se movesse, não iria a lugar algum.
As diversas vidas que, ao longo de sua existência, ela havia imaginado ou sonhado ou planejado, nenhuma deu as caras até agora.
A vida que levava era fragmentos de vidas desejadas.
Culpa de alguém?
Falta de vontade?
Rédea solta demais?
Medo?
Muitos podem ser os motivos pra que ela não esteja vivendo a seu gosto.
Só tinha uma certeza: precisava dar a esta vida uma direção que, daqui dez, vinte anos, ela não tivesse que sentir esta mesma sensação ao acordar...