Comprar é um vício.
Gastar dinheiro é um vício.
Um vício destes é totalmente cabível e confortável para
aquelas pessoas que não tem um orçamento apertado como uma calça de brim Lee,
da década de 70.
(Pros leitores mais novos não!, a calça Lee não é uma marca
da centenária pop rock star Rita Lee.
E sim!, brim coringa é igual a jeans, sem
strech.)
Mas pros assalariados, classe B (ex-C), é um vício que se
instala pra fud...çar a vida e a conta bancária da gente!
E adivinhem: pra minha falta de sorte, eu tenho este vício.
Mas você só tem este vício Glau?
Sim! Só este! E você acha pouco?
Os outros vícios que tenho não são vícios e sim manias
adquiridas ao longo do tempo. E quanto mais se vive, manias vamos colecionamos
pelo caminho: por o feijão em cima do arroz, dormir com a TV ligada, estender a
calcinha lavada na janela do banheiro – herança passada em vida pra Maria Luiza
– , sair no portão de casa e voltar porque esqueceu alguma coisa, tomar cerveja
– é...talvez seja um vício...mas infinitamente menor do que gastar o que se tem
e o que não se tem.
A questão é a seguinte: gastar é um vício maldito e indigno,
que se instala em nosso ser num momento em que estamos totalmente distraídos e
quando vemos estamos tomados pelo caboclo gastador.
Ele baixa no cavalo sem pedir licença, quando menos
esperamos e justamente quando estamos perto de algo que não cabe no nosso
bolso. E cega e alheia à realidade, a pessoa gasta os vinténs que tem (à vista)
e que não tem (à prazo), sendo este o pior dos gastos, pois a criatura fica
endividada por um período longo e doloroso...
Mas não doloroso o bastante para deixar o vício de lado.
E as coisas que compramos realmente são necessárias?
Posso dizer, como conhecedora de causa, que, na maioria das
vezes, não.
‘Curar’ este vício não é difícil, mas também não é fácil...
Tem alguns truques e macetes que podem e devem! Ser feitos
por um viciado em gastos. Eis alguns deles:
1º passo: Ir ao supermercado/farmácia/shopping/armazém/boteco
com uma lista enxuta e precisa do que realmente você necessita.
2º passo: Sair com o dinheiro contado...porém, na era do
dinheiro de plástico é complicado, mas não custa tentar...
3º passo: Quando deparar-se com algo que faça seus olhos
brilharem, suas pernas tremerem e seu bolso derreter, devolva para a prateleira
ou vendedora, vá para casa, deite a cabeça no travesseiro e reflita...mas
reflita meixxxmo! Pese os prós e os contras, e não deixe sua mente
agarrar-se aos prós, que geralmente são sedutores e ilusórios. Ajuda nesta
reflexão cantar um mantra indiano forte, rezar uma novena ou tomar um Rivotril.
São muitos os passos e... (isso me lembra sapatos e...não!!!).
Poderia passar o resto do dia elencando outras tantas ações
que ajudariam uma viciada a levar uma vida menos ordinária...
Mas me sentiria como a rapariga do filme ‘Delírios de
Consumo de Becky Bloom”, onde a personagem Rebecca Bloomwood vira uma
consultora de como sair do vermelho eliminando os gastos extras e, na verdade,
ela mesma não segue seus próprios conselhos...
Quero dizer que da construção deste texto (no ano passado)
até hoje, tenho conseguido me manter até bem comportada.
Porém, tem dias que o tambor daquele caboclo do consumo
começa a tocar baixinho, longe...e de repente ele baixa!
E lá se vai por água abaixo listinhas, mantras e reflexões.
To começando a achar que isso não seja propriamente um
vício, e sim uma possessão.
Próximo passo: exorcismo...
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